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A difícil arte de tomar decisões e as escolhas de Dunga

Como não poderia ser diferente o grande tema de discussões em todos os bares, programas de televisão, rodas de discussões e afins é a convocação da seleção brasileira. O “professor” Dunga, líder do selecionado canarinho, optou pela zona de conforto montando uma equipe que se caracteriza por atletas disciplinados, focados e comprometidos com sua “cartilha”. É só dar uma olhada na lista dos convocados para perceber que quase inexistem profissionais de perfil mais criativo, inconformista, capaz de mudar um panorama de jogo com sua genialidade (de primeira só enxergo essas características no Robinho, pois até nossa maior esperança, o Kaká, se destaca mais por sua aplicação e determinação do que, exatamente, por sua criatividade).
Naturalmente a mania nacional é “cair de pau” no treinador cujo estilo faz com que vire presa fácil para os críticos e os mais de 190 milhões de “treinadores” brasileiros. Pois, será que essa opção do líder é tão insensata assim? Será que ele está tão errado? Vamos fazer um paralelo da atitude do Dunga com o mercado corporativo para procurar algumas pistas para essa resposta.
É natural que um líder busque construir um time que tenha absoluta confiança. Gosto da metáfora do paraquedas para tangebilizar a importância da confiança nessas relações. Imagine que você está preparado para saltar de paraquedas em um penhasco. Você não teve tempo para dobrar seu equipamento e pede para um companheiro fazer isso enquanto se prepara para o salto. A pergunta é: você daria seu paraquedas para ser dobrado por qualquer componente de sua equipe em uma situação como essas? Se houver dúvidas quanto a essa simples pergunta é importante refletir sobre os motivos. Sua insegurança tem como origem a dúvida quanto à competência deste componente da equipe para desenvolver sua atividade ou é proveniente de falta de confiança quanto ao alinhamento dessa pessoa com seus valores? Em qualquer circunstância é necessário adotar uma medida proativa antes que chegue o momento do salto. Pois nesse aspecto o Dunga acertou, pois tem uma equipe que está em suas mãos, tem habilidades reconhecidas e, claramente, estabeleceu-se uma relação de confiança entre o grupo e seu comandante que estão alinhados em prol de um objetivo comum.
Por outro lado a complexidade do atual ambiente corporativo demanda muita flexibilidade. O comprometimento pelo comprometimento não é mais diferencial competitivo. É pressuposto básico. É necessário ter em uma equipe profissionais que aliem a seu envolvimento com o negócio um olhar diferenciado, um toque mágico que permitirá uma melhor adequação aos percalços que surgem diariamente. Uma das características mais claras do atual ambiente de negócios é a imprevisibilidade. Ambientes imprevisíveis requerem profissionais adaptáveis, resilientes que consigam ter uma leitura rápida do contexto e responder com a mesma agilidade (tal qual o Ronaldinho, Paulo Henrique Ganzo, Neimar e companhia). Nesse sentido criatividade, inovação são competências para lá de requeridas. Aqui temos um ponto a menos para o Dunga, pois como já comentado, essa habilidade não está presente na convocação como poderia.
Como podemos perceber o tema é para lá de polêmico. Existe um divisor de águas que será o ponto de inflexão para respondermos se realmente o líder da seleção acertou ou não. Você já deve ter adivinhado. Pois bem, se ele trouxer o caneco todas às críticas serão revistas e talvez Dunga volte como herói (ou pelo menos a reedição do clássico “vocês vão ter de me engolir” do caricato Zagalo). Se ocorrer o contrário você já deve imaginar como esses mesmos críticos irão se regozijar e execrar o treinador talvez enterrando mais uma vez a 2ª “Era Dunga”.
Muito parecido com nosso ambiente corporativo, não é? A vitória e a derrota são faces da mesma moeda. Quando estamos vencendo somos alçados ao Olimpo. Quando perdemos somos instantaneamente jogados no Inferno (sem escrúpulos). Por isso que a saída, como no caso da seleção, é escolher um caminho que acreditamos e sermos coerentes em sua execução. Talvez optemos por estruturar uma equipe como Dunga. Talvez busquemos em nosso grupo craques diferenciados. O fato fundamental. De qualquer forma, é que, no final das contas, seremos avaliados pelo nosso resultado final. Inapelavelmente.
A responsabilidade sempre recai nas costas de quem está no comando. Por isso que a posição do crítico é muito confortável e tem muito menos riscos do que quem está com a mão na massa. As críticas devem ser vistas criteriosamente como parte do aprendizado. Existem críticos que estão comprometidos legitimamente com sua evolução, porém existem outros que não tem esse compromisso. Distinguir as visões que têm validade das que não fazem sentido é uma arte que pode fazer toda diferença do mundo em sua auto-avaliação. Em geral a verdade está nas medianas.
Tomar decisões é uma das principais responsabilidades do líder. Abster-se dessa atitude equivale a abrir mão do exercício de liderança. Sempre haverá críticas. Faz parte do jogo. Estar seguro sobre as escolhas e buscar sua execução de forma impecável diferencia os profissionais excepcionais dos medianos. No final do dia, como no caso da seleção, o que vale são nossos resultados. E que venha o Hexa (apesar do Dunga...)!

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