Está claro o poder transformacional das novas tecnologias. O termo uberização transformou-se em um sinônimo de rupturas, economia do compartilhamento e por aí agora. “O mundo está se uberizando” é uma afirmação corrente. Não há dúvidas sobre esse movimento. Uma perspectiva, no entanto, que me chama a atenção é que existem muitas alternativas de negócios que não requerem o uso intensivo de alta tecnologia e que representam oportunidades importantes nesse ambiente de mudanças.
Lembre-se que o Netflix não derrubou a Blockbuster exclusivamente devido ao streaming de vídeos. A empresa até foi questionada, pois demorou um pouco para entrar nesse modelo de negócios e correu riscos. A principal vantagem competitiva da Netflix foi o sistema de entrega domiciliar de filmes utilizando os serviços postais. Aliás, até hoje uma parcela pequena de sua receita é proveniente dessa fonte nos Estados Unidos.
Essa estratégia offline garantiu uma vantagem importante da nova organização perante a tradicional e fincou as bases da entrega mais personalizada de seus conteúdos. A Blockbuster não percebeu o risco dessa nova entrante. Tanto que no ano de 2000 recusou uma proposta para comprar sua nova concorrente por U$ 50 Milhões. Hoje a Netflix tem um valor de mercado que supera U$ 30 Bilhões. E a Blockbuster? Sumiu. Evaporou-se presa a suas verdades absolutas e arrogância de seus líderes.
O caso da Netflix mostra que uma ruptura pode se iniciar a partir de oportunidades concretas que demandam, sobretudo, sensibilidade em observar o comportamento do consumidor e suas tendências.
Muitas vezes, a primeira onda não requer um investimento milionário, como no caso do streaming de vídeo. Ela requer muito senso de oportunidade e coragem para colocar seu trem nos trilhos. Seja uma antena exercitando sua curiosidade e observação atenta a realidade. Vai que passa um Pokemon na sua frente 😉
